sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Crise nas Infinitas Terras...finalmente!



Essa é uma das versões que tenho!

Quem disse que não existe física quântica nos quadrinhos??
Foi publicada parte por parte, em vários títulos da DC aqui no Brasil (década de 80). Posteriormente, saiu em versão encadernada! Tenho ambas as versões e algumas capas, como essa de Novos Titãs, são espetaculares!
Sim, existe e nesse caso, um ramo bem complicado, pois vou falar sobre Universos Paralelos. Quando criou-se o conceito de física quântica, o que podíamos esperar a princípio, é que algo (e entenda algo como um conceito) poderia ser extrapolado. É o famoso “e se...”! E se partimos do princípio que essas partículas passam pelos dois orifícios? Se admitirmos que, uma partícula específica, atravessa dois orifícios ao mesmo tempo? Como acontece uma interação entre ambas se ambas são, teoricamente, a mesma partícula? E se uma tiver reagindo com a outra, é possível que ambas sejam de Universos diferentes? E se existe a possibilidade de existirem Universos diferentes, como eles se criam? Confuso leitor? Eu espero que sim, pois se você está confuso, é sinal que prestou muita atenção no que leu e mais, pensou na possibilidade do conceito. Isso é um esboço, um mero traço do que seria física quântica. Agora quando trazemos algo assim para os quadrinhos, tudo é possível, pois o “e se...” dos quadrinhos, podem ser concretizados. E assim temos não um Universo, mas um Multiverso!
E esses Universos paralelos podem ser de todas as formas possíveis, afinal em teoria (extrapolando o conceito de forma quântica), temos que para cada decisão tomada, criamos uma série de outros Universos, baseados em outras decisões não tomadas. Entretanto, no Multiverso da DC, não vamos encontrar tantos Universos assim. Houve um tempo que a DC usou e abusou desse conceito de Universos paralelos e desta forma nasceu a Terra Paralela, Terra 2, Terra 3 e assim por diante. Esses “novos” Universos apresentavam versões dos heróis conhecidos da DC com sutis diferenças. Em alguns casos, as diferenças não eram tão sutis. Existia uma dessas Terras que era dominada por vilões e o único herói, era um cara gente boa chamado LEX LUTHOR! Por aí já dá para entender como funciona o conceito dessas Terras ou Multiversos ou Whatever.
Claro que gerenciar uma infinidade de heróis dá trabalho e gerenciar as várias versões desses heróis, dá mais trabalho ainda. Portanto, fez-se por necessidade uma reformulação. Ou, podemos dizer, um mega evento que afetou não apenas o “Universo Normal”, mas todos os outros Universos possíveis ou mencionados. E então, no saudoso ano de 1989 nascia Crise nas Infinitas Terras, a maior saga já escrita de todos os tempos. Não apenas pelo roteiro que é, para dizer o mínimo, maravilhoso (afinal Marv Wolfman é uma Lenda); não podemos nos esquecer da arte de George Pérez, que é considerado um dos melhores no ramo. Verdade seja dita, essa dupla (Marv Wolfman/George Pérez) é incrível. Não foi a primeira vez que eles trabalharam juntos, afinal a minha memória de Novos Titãs é e sempre será, da fase Wolfman/Pérez. Assim como a melhor fase já escrita para Mulher-Maravilha. Em Crise nas Infinitas Terras essa dupla carimbou o passaporte para o Hall dos melhores em Comics!
O interessante de Crise, é que é uma obra que pode ser lida em qualquer época, apesar de ser uma obra datada, pois o Universo DC que vemos ali já foi completamente mudado. Muita coisa aconteceu depois, só que o X da questão é o fato de, em Crise nas Infinitas Terras todos os heróis possuem uma certa importância. A personalidade deles e às vezes a falta de poder de um ou outro, é explorada de forma quase que informal. Cenas que mostram exatamente como um herói, que não tem poderes, se sente às portas do Fim do Mundo. No fim das contas, todos vão morrer, não importa se você tem força sobrenatural ou se pode voar ou é um Kriptoniano quase invencível, naquela situação todos são iguais e essa abordagem foi muito boa. Marv Wolfman conseguiu passar a sensação de desespero, bem como a percepção de insignificância de tanto poder no fim das contas. É exatamente por esse motivo que vale a pena ler esta obra, seja lá em qual época. Poucas vezes temos a noção de que o herói também é humano. Quando você lê Crise, você consegue entender exatamente o que eles estão sentido, pois é o que você sentiria naquela situação. Salva de palmas virtuais para Marv Wolfma e George Pérez.
Sobre a história, como sempre sem spoilers, digo apenas que os Universos estão sumindo/sendo consumidos ou algo assim. Essa é a idéia básica. O que será que está acontecendo? Como pode um Universo deixar de existir? O que teria poder suficiente para tal coisa? Ao longo da obra essas questões vão sendo elucidadas, bem como um plano vai ser traçado para impedir que todos os Universos deixem de existir. Nesse ponto, a trama se complica, pois alguns desses heróis já perderam seus Universos e precisam lutar para preservar os Universos dos outros. Intrigas, briga de egos, desconfiança e claro, traições transformam a sobra em um mix de suspense e ação que deixa o leitor preso do início ao fim. Dramas e tragédias também estão presentes nessa obra, espere fortes emoções. Não se pode salvar toda a existência sem que alguns se percam pelo caminho. Sim, estou falando de mortes! Como eu disse, é uma obra completa e até a frente do seu tempo, afinal aborda esse assunto (morte) com uma maturidade que na época era pouco comum nos quadrinhos. E o final, é indescritível. É obrigatória a leitura dessa obra! Dizer que ma quadrinhos e não ter lido Crise é inadmissível! 
Outra coisa que deve ser dita aqui, é que alguns heróis tiveram suas origens reformuladas, como a Poderosa. Não posso dizer como isso aconteceu sem dar um spoiler master sobre a série, porém digo que o Universo DC como o conhecemos, até hoje carrega efeitos do que aconteceu em Crise nas Infinitas Terras. E digo mais, outros personagens, como por exemplo John Constantine, nasceram de uma história que tinha raízes lá em Crise! Essa parte de “raízes” é bem literal, pois para quem não sabe, o mago inglês mas famoso deste e de todos os Universos possíveis, “nasceu” como personagem coadjuvante para um história do Monstro do Pântano, da cabeça de ninguém menos que Alan Moore. Será que Marv Wolfman e George Pérez tinham a noção que Crise seria uma obra tão icônica? Será que em algum Universo Paralelo essa parceria nunca existiu? Como seria a DC se Crise nunca tivesse sido escrita? Nunca saberemos. Todavia aqui, neste Universo, Crise é um marco e sempre será, assim como seus efeitos serão sentidos por muitas (ou todas) gerações posteriores. 
E aqui eu termino com o post mais pedido de toda a breve história do meu humilde blog. Venho sendo cobrado para escrever sobre Crise nas Infinitas Terras desde o início e sempre disse que a hora ia chegar. Na verdade, antes de escrever eu queria ler de novo, e não apenas ler; queria saborear a história e analisar com a cabeça do adulto que sou hoje. Fazer as devidas comparações, afinal quando li crise pela primeira vez eu era adolescente. Como eu imaginava, consegui perceber muitas coisas que na época me passaram batido. A maturidade trás uma compreensão mais apurada, de modo a fazer analogias que, quando somos jovens, nem cogitamos fazer. Eu li novamente, me perdi nos detalhes, me encantei e me emocionei. Não com a história em si, afinal já a conheço; me encantei com os detalhes que deixei passar quando era mais novo. Reler uma obra dessas é também voltar ao passado, relembrar dos amigos que se perderam e daqueles que até hoje fazem parte de sua vida. A saudade doeu em alguns momentos admito, só que o prazer da lembrança foi maior. Dedico esse post a todos os amigos do passado e os que se fazem ainda presentes. No fim das contas, meu momento quântico está na memória e enquanto eu lembrar, ele existiu e sempre existirá seja lá em qual Universo eu estiver! Muito obrigado pela atenção! Abraços.

PS: Quem não conseguiu comprar em mídia física, aqui vai um link onde você pode baixar e ler em arquivos CBR e/ou CBZ.

http://www.filecrop.com/crise-nas-infinitas-terras.html

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